“Podemos Adiar o Fim do Mundo” Denúncia e Reflexão – Portal OH2C
“Podemos Adiar o Fim do Mundo” Denúncia e Reflexão
Por: Cristiane Dias – Bgirl Cris, Mestre em Educação
O que eu revolto é contra a ganância dos homens que espremem uns aos outros como se espremesse uma laranja (Carolina Maria de Jesus).
Podemos adiar o fim do mundo se entendermos o que a natureza está tentando nos dizer… É hora de nos recolhermos para cuidarmos do Planeta e da nossa saúde.
Muitos estão se perguntando o que fazer diante dessa situação: ficar em casa ou ir ao trabalho… Para tirar sua dúvida eis aqui uma reflexão sobre a necessidade de sermos radicais e ficarmos em casa. Somos Favela, um lugar denominado por Carolina Maria de Jesus como sendo “o quintal onde jogam os lixos”, Marias e Josés são os sobreviventes em meio às violências que recaem sobre seus corpos, a violência da guerra, da miséria, da fome, do abandono e do descaso…
Isso têm nome sobrevivemos dentro de uma Política da Morte, a Necropolítica é uma política racional que utiliza de todo aparato tecnológico para vigiar, controlar e sobretudo colocar o outro na mira, como alvo na condição de ser exterminado. O Genocídio da juventude negra no Brasil é o exemplo dessa prática, utilizando-se da justificativa de pacificação da sociedade para o extermínio do outro. Diante da atual conjuntura política em nosso país é melhor cuidarmos da nossa casa, do nosso quintal e nos organizar enquanto “sociedade”.
A D. Maria sai cedo de casa, sob e desce a ladeira todo dia, presta serviços domésticos em casa de família, de tanto trabalhar não vê a hora de chegar em casa, lava, passa, coloca a cria pra dormir e no outro dia, tudo de novo. Ela é especialista em cuidar da Família;
O seu Zé é carpinteiro, motorista, zelador, ou tem um boteco na viela, especialista em zelar pelo outro, não vê a hora de chegar em casa ajeitar as coisas com a veia e no outro dia, tudo de novo…
Ambos estão esquecendo que precisam zelar pelo ambiente que usam dormitório, é um lar que precisa de cuidados. Para além disso, precisam estar vivos…
Durante a quarentena fica em casa, lave o lençol, a louça, as roupas, crie o hábito de higienizar o lar antes de dormir, todas às vezes que entrar em casa tire a roupado corpo e coloque num saquinho para lavar, limpe a sola do sapato ou tênis e use um chinelo, tome banho, lave os alimentos que comprou e só depois comecem a fazer os afazeres da casa.
Ah! Não pode faltar o mlk cria da favela que gosta de dá uns pião e a novinha que sai no bonde rua cima, rua abaixo requebrando até o chão…. Bora lê um livro, fazer uma live, ajudar a cuidar da limpeza do dormitório (barraco).
Os ambulantes, os correria todo mundo têm que se ligar, ficar em casa é o que liga!
Se não tiver produto de limpeza em casa e nem alimentos, dirija-se para uma associação de moradores e peça ajuda…
Mas voltando a nossa reflexão, se todxs querem chegar em casa todos os dias, qual o problema de ficar em casa até a tempestade passar?
Mostre para o mundo que os seres humildes são cuidadosos e se amam, “o mundo está cheio de pequenas constelação que dança, canta, faz chover” (Ailton Krenak), mas isso agora têm que ser feito em casa, quando não tiver nada para fazer conte a sua história, olha para a janela e veja o sol nascer e se pôr, veja a lua e as estrelas.
“O fim do mundo talvez seja uma breve interrupção de um estado de prazer extasiante que a gente não quer perder” (Ailton Krenak).
E quando essa tal pandemia passar, poderemos nos movimentar nas favelas com nosso ritmo e poesia; poderemos fazer chover, rir, cantar, dançar, contar causos, fofocar, brincar, soltar pipa, jogar bola…