Cassius Marcelo “Fokinha” – Art Urbana como Identidade… Parte 1 – Portal OH2C
Cassius Marcelo “Fokinha” – FamilyArt Br.Crew
Arte Urbana, como o próprio termo já diz: Arte de Rua, Arte Feita nas Ruas, Arte Feita para a Rua…
A arte urbana tem esse seu lado mais humano por ser algo público, grátis, de fácil acesso à observação e degustação e com uma linguagem simples (ou não), mas de fácil assimilação.
A arte urbana na minha visão tem várias vertentes.
Dentro do movimento Hip Hop nós temos aí 4 vertentes estabelecidas e mais uma agregada recentemente (RAP+DJ´s+Graffiti+BBoys) e Beat Box (batidas feitas com sons emitidos pela boca).
Só pelo fato do Hip Hop ter sido criado pelo motivo das gangs diminuírem a violência inicial, matando uns ao outros e promover a união dos grupos de jovens Afro Descendentes Norte Americanos nos anos 70, já é um fator único e de união.
Um dos gritos mais famosos no mundo e criado pela Zulu Nation de Afrika Bambaataa era: Peace-Unity-Love-and-Having Fun ( Paz-União-Amor-e-Diversão).
Bem…voltando ao tema de arte urbana, podemos ir mais além e ver que as frases escritas em muros como declarações de amor, de ódio ao sistema, de política…existem há muito tempo por aí.
Na França do século passado, isso era coisa comum.
O stêncil, a pichação, os letreiros de propaganda, os Lambe-Lambes, os Tags, os Graffitis…enfim, várias manifestações humanas saíram das ruas e se dirigiram para um patamar mais alto ao ponto de serem percebidos e assimilados pela grande mídia e pelas grandes indústrias e editoriais da moda.
Vou falar um pouco das escritas que me chamavam a atenção nos anos da década de 1980, quando eu e minha família viajávamos até a Praia Grande/SP, antes de nos mudarmos definitivamente pra lá em 1985.
Na estrada Imigrantes, eu lembro de ver umas escritas feitas com rolo e latéx (ou Cal), assim: Cão Fila KM 18 (uma coisa assim) e Xicarone Pedra e Areia…depois de alguns anos vim descobrir que ambas eram propagandas comerciais. Uma era de um canil de Cão Fila no Km 18 da Imigrantes em S.Bernardo e o Xicarone era tipo uma distribuidora de material pra construção (essa ainda tenho minhas dúvidas, pois me faz pensar em algo como uma pessoa que faz trilhas e caminhadas…).
E também ví algumas figuras em stêncil na beira da estrada…
Isso para mim, era uma maneira de expressar os gostos musicais, poéticos, artísticos…um jeito que o ser humano arranja para mostrar e sentir que está vivo de algum jeito que transcenda a educação e imposição familiar de viver dentro de um estereótipo mecânico e quadricular.
A liberdade de poder pegar uma caneta, um lápis, giz de cera, carvão e escrever seu nome ou uma frase numa parede além da lousa na sala de aula, revela por trás uma rebeldia e uma contra-cultura de enormes proporções (se é que vc me entende)…alí nós somos nós, somos independentes, temos nossos pensamentos livres e prontos para serem colocados pra fora…e fazemos..isso é o princípio da arte urbana: Você e o mundo, sua expressão dividida com a massa obtusa.
Apesar da arte urbana nascer no Underground, ela hoje ocupa o patamar de Mainstream…ou seja, nasceu nas periferias e guetos de artistas e hoje ocupa as grandes galerias mundo afora.
A expressão Arte Urbana surge inicialmente associada aos pré-urbanistas culturalistas como John Ruskin ou William Morris e posteriormente ao urbanismo culturalista de Camillo Sitte e Ebenezer Howard (designação “culturalista” tem o cunho de Françoise Choay). O termo era usado (em sentido lato) para identificar o “refinamento” de determinados traços executados pelos urbanistas ao “desenharem” a cidade.
Da necessidade de flexibilidade no desenhar da cidade surgiu a figura dos planos de gestão. Este fato fez cair em desuso o termo Arte Urbana, ficando a relação entre Arte e cidade confinada durante anos à expressão Arte Pública.
Além do grafite, a Arte Urbana também inclui estátuas vivas, músicos, malabaristas, palhaços e teatros. Poucos veículos são voltados exclusivamente para esse tipo de arte.
A Contra Cultura é um tempero bem vivo dentro de nossa cultura ocidental e contemporânea e isso é claro dentro do meio artístico.
Esse movimento pode ser definido por:
– como um ideário que questiona valores centrais vigentes e instituídos na cultura ocidental. Justamente por causa disso, são pessoas que costumam se excluir socialmente e algumas que se negam a se adaptarem às visões aceitas pelo mundo. Com o vultoso crescimento dos meios de comunicação, a difusão de normas, valores, gostos e padrões de comportamento se libertavam das amarras tradicionais e locais – como a religiosa e a familiar, ganhando uma dimensão mais universal e aproximando a juventude de todo o globo, de uma maior integração cultural e humana. De início, a contracultura desenvolveu-se na América Latina, Europa e principalmente nos EUA onde as pessoas buscavam valores novos.
E isso é claro na vivência de rua e perfiférica, portanto, somos mais parte da contra cultura do que da Cultura elitizada e classificada Alta Cultura.
Creio que esse sentimento é mais um espírito ao redor de nós do que um movimento propriamente dito..pois o termo Urbano, enquadra muito mais coisas, como o Punk, Rap, Skate, Malabarismos, Intervenções de diversas vertentes, inclusive teatrais…portanto é mais um conjunto de ideais e sintonia, do que um movimento estabelecido.
Mas mesmo, assim temos nossos ídolos que foram assim aceitos, por se desenvolverem fora dos padrões sociais, não necessitando se formarem em universidades tais, ou nas escolas quais são instituídas como regra.
Pessoas que dão a vida para o que se pode chamar de independente até o fim.
E a Arte Urbana tem muito disso…mas chega uma hora que dependendo do local que se vive, será necessário abrir mão do Underground e “crescer”, se desenvolver, se formar, se capacitar para ser aceito em níveis mais altos.
Mas o espírito da RUA, sempre permeará os trabalhos que se desenvolvam, caso tenham “crescido”.
No Mais a Arte Urbana é tudo que é feito pra rua e na rua. Artistas Amadores ou Profissionais fazem das ruas seu palco particular e apresentam suas expressões venais para todos de forma gratuita e humana.
Seja o Graffiti, o Skate, o Rap, o Rock, o Teatro, a Poesia, tudo é expressão artística de cultura de massa, portanto podemos chamar isso tudo de Urbano!!!!
Se vc é um artista que se identifica com a rua para apresentar seu trabalho, mesmo com as proibições corriqueiras, então vc é um artista urbano.
Se você crê que a arte pode e deve ser usada como plataforma de protesto, então vc é contra cultura e urbano.
ARTE URBANA É PARA TODOS E DE TODOS!!!
Cassius Marcelo “ Fokinha ArtWorx”,42 anos
– Artista Custom e um dos proprietários da FamilyArt Br Produções e FamilyArt Br Tattoo.
– Também um dos idealizadores da Mostra Internacional Sk8Art4lifeShow – A única Mostra Internacional de skate arte ativa nas Américas.
– Artista Autodidata, que usa o Graffiti, Aerografia, Desenho, Ilustração Digital, Tattoo, Customizações, organização de eventos de arte urbana, skate, rimas, seus personagens MY MONKEYS e Punk Rock, para se expressar na vida.
Instagram:
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